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A Bíblia como Palavra de Deus

A Bíblia é a Palavra de Deus escrita, tendo como autor o Senhor, o Espírito Santo como intérprete e o tema central Jesus Cristo (Lc 24:27; Jo 5:39). Quando lemos em 2 Timóteo 3:16a: “Toda a Escritura é divinamente inspirada...” Vemos que a própria Palavra testifica a Sua autoria divina. Homens movidos por Deus escreveram a Sua palavra: “Porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens (santos) falaram da parte de Deus, movidos pelo Espirito Santo” (2 Pe 1:21). “Pedro ensina que os escritores da Bíblia foram levados ao longo de seus escritos a escrever as palavras que Deus planejava que fossem registradas” (BOICE, 2011, p.41).



Entendendo a Bíblia

Entendendo a Bíblia

Através dos séculos, na história da igreja, a Bíblia foi lida de maneiras diferentes. Algumas delas foram herdadas do judaísmo, mas muitas surgiram depois, geralmente sob a influência da obra missionária entre povos previamente pagãos.

Dois tipos principais de interpretação bíblica predominam:

 

  • O primeiro enfatiza o significado histórico-literário direto ou imediato do texto.

 

  • O segundo se concentra mais no seu significado espiritual.

 

Ambos são conhecidos desde os tempos do Novo Testamento, embora sua importância relativa tenha variado de tempos em tempos.

 

Interpretação histórico-literária

 

Este é o tipo mais antigo e se originou no judaísmo, que dava grande ênfase à ortografia e ao significado exato de cada palavra do Antigo Testamento. Os cristãos adotaram essa prática e a aplicaram à tradução grega do Antigo Testamento (a “Septuaginta”) e ao Novo Testamento.

 

Significado espiritual

 

Sempre existiram aqueles que achavam que a Bíblia não é uma mensagem direta de Deus, mas um enigma que deve ser decifrado, geralmente de forma altamente complexa e misteriosa.

Por exemplo, no hebraico e no grego cada letra representa também um número, e, em função disso, surgiram teorias segundo as quais a Bíblia seria um código numérico secreto.

A numerologia, que é como se chama isso, era prática bastante comum em certos grupos judeus, e, de tempos em tempos, reaparece entre os cristãos, embora atualmente nenhum estudioso ou teólogo respeitável leve tal prática a sério.

Na época de Jesus, Filo de Alexandria desenvolveu a teoria que o Antigo Testamento era em grande parte uma alegoria de coisas divinas. Alegoria é uma forma literária na qual uma coisa representa outra, mesmo sem que haja ligação real entre as duas. Alegorização é o uso sistemático de alegoria como forma de interpretar um texto.

Ela se tornou popular como forma de interpretar o Cântico dos Cânticos, que muitos crentes viam como ilustração do relacionamento entre Cristo e sua noiva, a igreja, ou entre Cristo e o crente individual.

Em anos recentes, o crescente interesse dos estudiosos pelos gêneros literários usados na Bíblia levou muitas pessoas a perceber diferentes níveis de significado no texto, o que, por sua vez, está trazendo de volta a antiga interpretação espiritual.

Grande parte das interpretações alegóricas são grosseiras ou indubitavelmente errôneas, mas pelo menos a alegorização mostra que uma passagem pode ter um significado mais profundo do que, à primeira vista, parece ter.

Aqueles que estudam a Bíblia não precisam escolher entre os dois tipos de interpretação: podem emprestar ideias de ambos. Mas é melhor dar preferência à interpretação histórico-literária direta.

Os Cristãos acreditam que a aliança do Antigo Testamento entre Deus e seu povo se cumpre e, portanto, tem seu significado verdadeiro em Cristo. Isto deve ser levado em consideração quando tentamos aplicar uma passagem específica do Antigo Testamento aos dias atuais.