A “palavra” é o meio característico pelo qual Deus torna sua vontade conhecida ao homem. A forma pode variar. Ela pode ser falada através dos profetas, escrita na lei e outras Escrituras, ou vivida na pessoa de Jesus Cristo. Ela também é o meio pelo qual Deus realiza seus propósitos providenciais no mundo (PFEIFFER, 2009, p. 1436).
No Antigo Testamento (AT), a palavra era “dabhar”, ocorre cerca de 1440 vezes, significando “palavra, assunto, alguma coisa” (VINE et al., 2007, p. 124). O termo palavra é usado para indicar a fala direta de Deus ao homem (Gn 2:16, 17; 3:9-19; Ex 3:4; 20:1-19) e a fala através dos profetas (Jz 6:8; II Sm 7:5; 1 Rs 20:28; Jr 2:5). O AT foi a parte das Escrituras Sagradas utilizada por Jesus Cristo, pois o Novo Testamento só começou a ser escrito anos depois de sua morte, ressurreição e ascensão aos céus. Jesus estava presente no começo e podemos confirmar através das passagens que falam da Palavra durante a criação: haja (Gn 1:3,6-14); ajuntem-se (Gn 1:9); produza (Gn 1:11-20-24); frutificai e multiplicai, enchei (Gn 1:22-28); sejam (Gn 1:15); façamos (Gn 1:26).
No Novo Testamento (NT), temos dois termos que são traduzidos por palavra: “logos” e “rhema”. “Logos” é a palavra escrita. “Rhema” é a Palavra revelada. Uma não exclui a outra. Precisamos conhecer o “logos”, a palavra de Deus escrita, para que recebamos “Rhema”, a revelação de Deus. Jesus Cristo é a Palavra de Deus revelada. Podemos constatar tal fato em João 1:1-14. Ainda que falasse por parábolas, como dito em Sl 78:2, Jesus se revela a todo aquele que o busca e o serve (Mt 13:34-43; Jo 5:39).
O Verbo (Jo 1:1,2)
NO PRINCÍPIO: Muito antes da fundação do Mundo, antes de tudo, Ele já existia. Texto no Livro de Provérbios diz “Ainda Ele não tinha feito a Terra, nem os campos, nem sequer o princípio do pó do Mundo. Quando Ele preparava os Céus, aí estava Eu; quando compassava ao redor a face do Abismo; quando firmava as nuvens de cima, quando fortificava as fontes do Abismo; quando punha ao mar o seu termo, para que as águas não transpassassem o seu mando; quando compunha os fundamentos da Terra, então, Eu estava com Ele” (Pv 8:26-30).
ERA O VERBO: Desde a Sua inicial revelação à Humanidade, Deus se apresentou como Verbo. Quando Moisés, cerca de 1500 a.C., perguntou o Seu Nome, o Senhor lhe respondeu: “EU SOU O QUE SOU” (Ex 3:14).
A Torá Viva, ao comentar o Nome de Deus (YHVH), diz: “O Tetragrama denota o nível onde presente, passado e futuro são o mesmo”. Repare: os três tempos básicos em que um verbo é conjugado. Ao lemos o relato da Criação no Livros de Gênesis, vemos o Verbo ali, revelado na Sua própria boca: “E disse Deus: HAJA Luz” (Gn 1:3). Entender que o Verbo é Deus parece tão difícil quanto entender a complicada gramática portuguesa. Porém, se analisarmos mais profundamente, veremos a perfeita consonância da Gramática com a Teologia: em primeiro lugar, o Verbo HAJA foi empregado no sentido de existir, fazer, ocorrer. O Verbo fez tudo existir: “Nele foram criadas todas as coisas que há nos Céus e na Terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam denominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por Ele e para Ele” (Cl 1:16). O Verbo HAJA está no imperativo afirmativo. Imperativo é o modo verbal que exprime uma ordem. A Palavra diz: “Louvai-o, sol e lua; louvai-o, todas as estrelas luzentes. Louvai-o, céus dos céus, a as águas que estão sobre os céus. Que louvem o Nome do SENHOR, pois mandou e logo foram criadas” (Sl 148:3,5). Já o modo afirmativo é aquele que afirma, confirma e concordo. O Verbo estaca ali na Criação, afirmando e concordando Consigo mesmo. Mais tarde, Ele mesmo nos ensinará sobre o poder criador da concordância em torno de uma afirmação: “Se dois de vós concordarem na Terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhe será feito por meu Pai, que está nos céus” (Mt 18:19). O Verbo HAJA também pode ser conjugado no presente do subjuntivo. Subjuntivo quer dizer “subordinado, dependente”. E Ele, ainda que Deus, subordinou-se ao Pai, fazendo-Se dependente Dele, conforme disse aqui na Terra: “ Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma: como ouço, assim julgo, e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou” (Jo 5:30). O modo subjuntivo também é chamado de conjuntivo, isto é, “que junta”, “que une”. Desde o Princípio o Verbo agiu com o Pai e já mostrava que, no futuro, também seria Dele a missão de unir a Criatura ao Criador: “Deus estava em Cristo, reconciliando Consigo o Mundo” (2 Co 5:19).
E O VERBO ESTAVA COM DEUS: Não resta dúvida de que Alguém estava no Princípio com Deus. No Livro de Gênesis, quando lemos o relato da Criação do Ser Humano, Deus diz: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1:26). Se Deus estivesse sozinho, “O Verbo” não estaria no plural.
O VERBO ERA DEUS: Ao propor a Alguém criar em conjunto um ser semelhante, Deus não conversou com um Anjo, mas com Alguém semelhante a Ele. Deus não conversou com outro “deus”. Acreditar que “O Verbo” é outro deus, indefinido e menor, seria chamar Deus de mentiroso, porque Ele mesmo afirma que não há outro deus, conforme lemos na Sua Palavra em Dt 32:39; Is 44:8; Is 45:21; Os 13:4.
Apesar de mais de Um, Deus é Um e Salvador! Jesus disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10:30). Na véspera da Sua morte, Jesus declarou: “EU SOU o Caminho, a Verdade e a Vida. E ninguém vem ao Pai, senão por mim” (Jo 14:6). Se Deus fosse outra pessoa, Jesus teria dito: “Ninguém vai ao Pai”. Este “vem” do Senhor Jesus é do verbo “vir” e não do verbo “ir”. Quando, então, Felipe lhe pediu que mostrasse o Pai, Jesus disse: “Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não me conheces, Felipe? Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? A palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras. Crede-me que eu estou no Pai, e que o Pai esta em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras” (Jo 14:9,11).
A Humanidade deve honrar “O Verbo” como Deus. Ele mesmo disse: “Para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que O enviou” (Jo 5:25) (PAGLIARIN, 2011, p. 7).
Jesus, a Palavra Viva, revelou-se como:
E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28:18). Todo poder está nas mãos de Jesus (Mt 11:27; Lc 10:22: Jo 13:3; 17:1,2; At 2:36). A Palavra não depende do homem para coisa alguma. Tudo o que existe foi feito por Ele (Jo 1:3).
“Rhema” só chega até nós quando recebemos a Palavra em nossas vidas. Não há outra forma. Jesus é a Palavra e só através dEle podemos conhecer o Pai. Jesus é a Verdade e a Vida (Jo 14:6). Ele não pode mentir (Nm 23:19). A Palavra de Deus nunca deve ser alterada, sob a pena de sermos amaldiçoados. Nada pode der tirado ou acrescentado (Dt 4:2; 12:32; Pv 30:5,6; Ec 3:14; Ap 22:18,19).
Quando alguém pega um texto isolado da Palavra de Deus e o usa de forma a se adequar a sua própria vontade está deturpando a Palavra e, desta forma, está criando heresias. A Palavra de Deus deve ser lida e estudada sempre dentro do contexto. Assim, evitamos alterar as Escrituras e crias heresias, que levarão a outros a se perderem do caminho da vida eterna. Satanás fez isso com a mulher no Éden (Gn 3:1,6) e tentou fazer o mesmo com Jesus no deserto (Mt 4:1,11; Lc 4:1,13).
Por causa disto que devemos estar sempre nos aprofundando na Palavra de Deus. Quanto mais conhecemos, menor é a possibilidade de sermos enganados pelas vãs doutrinas (Mc 7:7; Cl 2:22; Hb 13:9). Pessoas que se deixam enganar por tais doutrinas adoram a Deus em vão (Mt 15:9; Is 29:13; Cl 2:18,19,22,23; Tt 1:13,16).
Só através da Verdade que liberta, a Palavra Viva, Jesus Cristo, é que podemos ser totalmente transformados. E é essa Palavra que deve ser ensinada para que vidas sejam libertas. Jesus é o Verbo-Vivo que nos resgata das trevas (Is 9:1,2: 42:6,7; Mt 4:14-16), da maldição do pecado (Gl 3:13; Gl 8:2; II Co 5:21), das doenças e sofrimentos (Is 53:4; Mt 8:17; I Pe 2:24), da religiosidade (Mt 12:11,21; Mc 3:1,6) e da falta de entendimento (Mt 16:17; I Co 2:10).