CRISTOLOGIA
INTRODUÇÃO
A doutrina fundamental da fé cristã é que Jesus é o Cristo, o Ungido de Deus para o cumprimento da sua promessa a Israel e através de Israel para o mundo. Esta doutrina pode ser vista nos seus três estágios:
• Jesus é o Messias de Israel;
• Jesus é mistério da divindade;
• Jesus é o único mediador entre Deus e o homem.
A ESPERANÇA MESSIÂNICA
No princípio da vida estatal de Israel, qualquer governante político que ganhava uma guerra e trazia libertação a Israel era considerado um MOSHI'A, isto é, salvador, libertador. Posteriormente esta ideia foi tomando características próprias e sendo idealizada, ou personificada, chegando ao conceito de um “ilustre libertador”, o enviado de Yahwéh, que trará a salvação em suas asas, Ml.4:4; Gn.49:10,18. Sl.18:1,2.
Por meio desta aliança os judeus criam que Deus interviria na história e que viria ao encontro de Israel no meio da calamidade para libertá-los. Porém, longe estava na mentalidade do judeu com exceção de alguns que a salvação de Deus viria basicamente a nível espiritual e não político-econômico. Por isso que muitos não compreenderam a forma e o caráter espiritual de Deus quando enviou o seu filho amado.
O significado do termo messiânico tem duas conotações, uma se refere a era messiânica, um período político-religioso onde em Israel será estabelecida a ordem e do qual haverá abundante paz e justiça. Outro refere-se mais a personificação desta época determinada na vinda de um homem, o messias ( ungido de Deus ). Dentro da concepção literário do A.T., em geral, esperança messiânica refere-se a crença da vinda do reino perfeito de Deus.
Desde os primórdios do A.T. a concepção da esperança messiânica vinha sendo abordada, sendo relacionada desde a queda do homem Gn.3:15; a promessa de Deus feita a Abraão Gn.12:1-3; 15:1-18 na eleição de um povo escolhido, no surgimento de um grande profeta que há de vir, vaticinado pelo período mosaico.
“O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás, segundo tudo o que pediste ao SENHOR, teu Deus, em Horebe, quando reunido o povo: Não ouvirei mais a voz do SENHOR, meu Deus, nem mais verei este grande fogo, para que não morra. Então, o SENHOR me disse: Falaram bem aquilo que disseram. Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar. De todo aquele que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome, disso lhe pedirei contas.” Dt.18:15-19.
O estabelecimento de um justo no período pré-monárquico 1 Sm.2:35; a eleição de um monarca eterno, filho de Deus, dentro da linhagem davídica 2 Sm.7:12-16; dando por conseguinte margem a grandes revelações nos salmos messiânicos na época davídica e sapiencial Sl. 89; 72; 2; 110. A vinda do renovo, servo, rei, juiz, nas teologias de Isaías e Jeremias Is.7:13-15; 9:1-7; 11:1-10; 32:1-5; 42:1-9; 49:1-7; 52:13-53:12; Jr.23:1-8.
O MESSIAS EM SUAS FUNÇÕES: PROFÉTICA, SACERDOTAL E REAL
A obra de Cristo pode ser esquematizada como profeta, sacerdote e rei. Ap.1:5, o apresenta como a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o príncipes dos reis.
1. A MISSÃO PROFÉTICA DE JESUS
A Mensagem Profética De Jesus
2. JESUS COMO SACERDOTE
Apesar das posição central que o templo desempenhava na vida religiosa e política dos judeus e por consequência da posição única do Sumo-sacerdote, é surpreendente que o V.T. nunca fala do Messias em termos de sacerdócio.
Temos uma referência do período inter-testamentário, onde o Messias é visto como sacerdote e rei, ( o testamento de Levi 18 ) apócrifo interbíblico.
No N.T., o autor de Hebreus dedica muitas páginas ao tema, há pelo menos três concepções:
3. JESUS, REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES
"A qual em épocas determinadas, há de ser revelada pelo bendito e único Soberano, o
Rei dos reis e Senhor dos Senhores;" 1 Tm.6:15.
A expressão "Reis dos reis" é uma expressão semítica que confere o título de Único imperador e Soberano, conforme Ed.7:12. Sendo assim, Jesus será o Imperador que reinará sobre todos os reinos e reis da terra.
O Filho de Davi como Rei
As raízes da esperança de Israel por um Rei-Messias foram expressas em vários títulos. A esperança mais desenvolvida e primeira apontava, para um messias que seria filho de Davi. O exemplo do rei ideal de Israel. Depois da unção de Saul por Samuel ( 1 Sm.10:1 ), o rei Davi era o ungido do Senhor, o representante do reinado de Deus entre seu povo. Em muitos lugares do V.T. esta esperança era muito vívida.
O Pentateuco apontava para Siló (Gn.49:10) e para a estrela de Jacó (Nm.24:17). Após a vinda de Jesus, havia os que saudaram Bar Kokhba, o líder da revolta dos judeus contra Roma (132-135) como filho da estrela.
Os profetas do séc. VIII a.C., apontava para um legislador ideal da linha de Davi (Is.7:10-16; 9:1-7; 11:1-9; Mq.5:2-4.). Cem anos mais tarde, Jeremias não tinha abandonado a esperança (23:5s) e Ezequiel manteve esta chama acesa mesmo no exílio ( 34:23,24.). Os salmos que mais tarde seriam usados para dar forma a esta esperança vão até o período da monarquia unida ( 2, 20, 21, 45, 72, 89, 110, 132).
Em alguns profetas pós-exílicos a idéia de sacerdote e reinado estão combinados (Ag.2:23; Zc.3:8-10; 4:7; 6:9-14). Os escritos de Qumram aguardavam dois messias: um real e outro sacerdotal.
O Evangelho de Marcos apresenta Jesus como Filho de Davi. A confissão de Pedro (Mc.8:27- 33) e de Jesus diante de Caifás (Mc.14:61) indicam o quanto esta crença estava enraizada como parte da fé dos primeiros cristãos, mesmo que o título "Filho de Davi" não fosse usada. Passagens com este título são: Mc.10:46-52; Mt.22:41-46;Mt.10:25-34; Lc.18:35-43; Mc.12:35-37, Lc.20:41-44 e a inscrição na cruz Mc.15:26. Não é possível que a igreja primitiva tenha inventado estas histórias. A igreja primitiva teve também essa idéia e isto se apresenta em Lc.1:32,69; 2:10. O evangelho de Mateus apresenta a descendência davídica do Messias (Mt.1:18-25; 2:1-12 ). A cristologia davídica permeou a pregação apostólica nos Atos ( 2:22-36; 13;16-41 ). O melhor resumo de Jesus Cristo como filho de Davi é dado por Paulo em Rm.1:3,4.
O Filho de Deus como Rei
Jesus como Filho de Deus tem as mesmas raízes que Jesus como filho de Davi. Um dos hinos reais de coração dão esses dois conceitos ( Sl.2:6,7 ). Os primeiros profetas também pensavam assim, ( 2 Sm.7:12-14 ).
Isto não quer dizer que Jesus foi adotado como filho de Deus no seu batismo, ou na sua ressurreição conforme algumas interpretações de Rm.1:3. Israel foi filho de Deus por adoção (Êx.4:22; Os.11:1 ) e os reis de Israel também (Sl.2:7; 2 Sm.7:14 ), mas esta nunca foi a relação entre Jesus e Deus.
Jesus como filho de Deus é dramaticamente proclamado em Marcos por uma voz no céu (Mc.1:11; 9:7), vozes de demônios (Mc.1:24; 5:7), ditos de Jesus (Mc.12:6; 13:32)e finalmente pelo centurião romano (Mc.15:39). No Evangelho de Lucas, a mesma verdade é dita na mensagem do anjo Gabriel a Maria (Lc.1:32,35).
O Filho Homem como Rei
A origem dessa designação nos lábios de Jesus é a visão real em Dn.7:13. O título "O Filho do Homem" é utilizado para descrever a autoridade do Jesus histórico, (Mc.2:1-3:6; 11:27-33; 12:13-37 ). Jesus não apenas se identificou como servo sofredor de Isaías 53, mas também como filho do homem em Dn.7:13 que está destinado a vir na glória do Pai depois de sofrer muitas coisas. Jesus combina o Sl.110:1 e Dn.7:13 ao responder ao sumo-sacerdote Caifás (Mc.14:62), " Eu o Sou"
Senhor dos Senhores
Jesus foi confessado como Senhor tanto na cristologia funcional como na ôntica. A primeira se preocupa somente com a ação de Deus em Jesus, enquanto que a outra, inclui Jesus no eterno ser de Deus. Quando a autoridade de Jesus foi questionada, Ele apelou para o Sl.110:1, (Mc.12:36).
Em Atos 2:35, Jesus está identificado como Senhor e Messias. Jesus não é reconhecido como Senhor somente depois da ressurreição. Atos 2:36 fala de Jesus reinando como Senhor. A confissão de que Jesus era o Senhor foi a proclamação dos missionários judeus helenistas (At.11:20; 14:3; 5:31) e era condição para o batismo, (At.8:16; 11:17; 19:5).
A cristologia ôntica inclui a pré-existência de Jesus e sua participação no ser eterno de Deus. A confissão de Jesus como Senhor tornou-se formalizada em 1 Co.12:3 e também integrante na crença na Trindade ( 1 Co.12:4-6 ).
O senhorio de Jesus tanto no céu, no presente, quanto na terra, no futuro, estão firmemente unidas nas cartas de Paulo. A confissão de Jesus como Senhor é parte da teologia batismal (Rm.10:9) e parte da hinologia de adoração (Rm.8:34). O hino em Fil.2:6- 11 tem todo o universo reunido em adoração a Jesus Cristo como o Senhor.Col.3:1-4, fala do Cristo como assentado a destra de Deus.
O Evangelho de João culmina com a afirmação de Tomé " Senhor meu, Deus meu". Jo.20:28. O apóstolo João descreve os santos que já partiram como cantando ao Cordeiro, Ap.5:9. Isto acontecerá quando Cristo ressuscitado, retornar em glória com todos os santos para reinar sobre a terra, Ap.20:4. Então todos saberão que Jesus é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.
O LOGOS PRÉ-EXISTENTE
O V.T., no seu todo, silencia quanto a pré-existência do Messias. O único versículo que permite uma interpretação neste sentido é Mq.5:2. Mesmo aí, muitas traduções falam "cuja origem é de tempos idos" e não da eternidade. No N.T. quase todos os versículos que falam da existência posterior de Jesus, também falam de sua pré-existência, principalmente na cristologia de Paulo, Hebreus e João. Nestes textos encontramos:
1) Cristo, como a Eterna Sabedoria de Deus
A identificação do Jesus crucificado com a sabedoria eterna ou pré-existente de Deus, pode ser vista claramente em I Corintios.
Cristo é identificado como a sabedoria de Deus 1 Co.1:24,30.
Cristo é identificado como sabedoria pré-existente 1 Co.2:6-9.
Esta sabedoria estava oculta (2:6-9), depois revelada pelo espírito (2:10-13) e recebida por todos que possuem o Espírito (2:14-16).
A forma litúrgica que encontramos em 1 Co.8:5-6 mostra que já era uso corrente dos primeiros cristãos a crença na pré-existencia de Cristo. O Jesus crucificado é relacionado não só com a redenção, mas com a própria criação.
1 Co.15:28, fala da pré-existência de Cristo antes da existência histórica de Jesus.
O Cristo crucificado, o Cristo criador foi também o Cristo da história de Israel, 1 Co.10:4.
A referência de Jesus como homem do céu em 1 Co.15:47, também aponta para sua pré-existência.
2 Co.8:9 mostra o estado de Cristo na sua pré-existência.
Deus enviou o seu único filho na plenitude dos tempos, Gl.4:4. Isto não é mera vocação, mostra a origem do filho e sua pré-existência.
Em Fl.2:6-11, subsistindo em forma de Deus, significa participação na própria essência de Deus.
Nas Epístolas Pastorais, a mesma verdade é revelada em 1Tm.1:15, onde se diz que Cristo veio ao mundo. Aqui não é apenas vocação profética, mas a própria essência de Deus.
2) Cristo, como a Eterna Palavra de Deus
Cristo é proclamado como palavra de Deus pré-existente em Jo.1: 1-4, a mesma coisa é dita em 1 Jo.1:1-18
A pré-existência é vista em Jo.6: 35, 38, 41, 44, 48 e 51. Jesus é o pão verdadeiro que desceu do céu.
No Ap.1:8; 4:8; 21:7; 1:17; 3:14. A mesma verdade é dita. Assim como no evangelho de João, também no Apocalipse, Jesus é proclamado como palavra de Deus (19:13).
3) Cristo, como o Eterno Filho de Deus
A pré-existência do Filho de Deus, em Hebreus, combina com a cristologia de Sabedoria de Deus de Paulo e com a cristologia da Palavra de Deus em João. Em todos os três, a pré-existência significa que o próprio ser de Deus estava unido a existência humana de Jesus Cristo.
Jesus como o primeiro e o último no Apocalipse, é visto em Hebreus como Filho de Deus a quem Ele constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo,Hb.1:1-3.
A NATUREZA HUMANA E DIVINA DE JESUS CRISTO
A cristologia da encarnação inclui a humilhação do Cristo pré-existente e exaltado, conforme Paulo; a encarnação da Palavra eterna, conforme João; e a perfeição do eterno filho de Deus que apareceu como Jesus conforme Hebreus.
Em Fl.2:6-11, vemos a pré-existência celeste, a humilhação terrena e a exaltação celeste.
A relação única entre o Pai e o Filho é que Deus habitou no homem Jesus. A encarnação da Palavra na carne de Jesus foi um ato de completa habitação em que a Palavra permaneceu Palavra e Jesus permaneceu um homem verdadeiro; Portanto, Jesus é e foi 110% Deus e 100% homem.
Na encarnação o Pai está no Filho e o Filho está no Pai. Vários diálogos de Jesus, no Evangelho de João mostram isto (5:19-28).
A unidade do Pai e do Filho não é identidade. Jesus disse: "O Pai e eu somos um", (10:30). mas isto está explicado nas palavras: "O Pai está em mim e Eu estou no Pai, (10:38). O Pai e o Filho são um, mas não o mesmo. Ver (14:9-11 e 17:20-26).
O NASCIMENTO VIRGINAL DE CRISTO
Jesus Cristo nasceu de uma virgem, pelo Espírito Santo (Lc. 1.34 e 35). O seu nascimento virginal é o testemunho que só o Espírito pode procriar o que é espiritual (Jo. 3.6). Concebido e nascido da Virgem Maria, como completo Deus e completo homem em uma pessoa, Ele é Deidade perfeita e verdadeira humanidade unidas em uma só pessoa.
SEU MINISTÉRIO TERRENO
Jesus viveu uma vida sem pecado (Hb. 4.15), e voluntariamente doou-se pelos pecados da humanidade, morrendo na cruz, substituindo-nos (Hb. 9.14), satisfazendo a justiça de Deus. Conquistou a salvação para todos os que nEle cressem.(Atos 4.12).
Nestes textos, você verá que Jesus viveu como exemplo e se tornou um modelo a ser seguido.
Sua vida
- Obediente ao Pai
“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz.” Fl 2.5-8
“Porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.” Jo 6.38
“Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer.” Jo 17.4
“dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua.” Lc 22.42
- Obediente a Lei
“Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim abrogar, mas cumprir.” Mt 5.17
“mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.”Gl 4 .4- 5
- Dependente do Espírito Santo
“E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele.” Mt 3.16
“E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto. Então, pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galiléia, e a sua fama correu por todas as terras em derredor. O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração.” Lc 4. 1,14, 18
“como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele.” At 10.38
“Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é conseguintemente chegado a vós o Reino de Deus.” Mt 12.28
- O homem perfeito
“Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus”. “Eu e o Pai somos um.” Mt 5.48; Jo 10.30
“até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” Ef. 4.13
“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.” Hb 4.15
“Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus, que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente, por seus próprios pecados e, depois, pelos do povo; porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.” Hb 7. 25-28
Seu ministério
Em sua vida terrena, Jesus Cristo desempenhou um ministério de cinco aspectos. Após Sua ascensão, repartiu-o com os homens, para que edificassem Sua igreja. Esses dons são ferramentas nas mãos destes homens, para que ela (igreja) seja aperfeiçoada e desempenhe a obra do ministério. Nós não detalharemos os cinco aspectos do ministério terreno de Cristo, porque o faremos em outro estudo. O que segue abaixo, são algumas referências bíblicas, que demonstram o serviço de Cristo em seu ministério terreno de cinco aspectos:
- Apostólico
“Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão.” Hb 3.1
- Evangelístico
“O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração.” Lc 4.18
- Mestre
“Este foi ter de noite com Jesus e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.” Jo 3.2
- Profético
“E Jesus lhes dizia: Não há profeta sem honra, senão na sua terra, entre os seus parentes e na sua casa”. Mc 6.4
“E ele lhes perguntou: Quais? E eles lhe disseram: As que dizem respeito a Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo.” Lc 24.19
- Pastoral
“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.” Jo 10.11
Jesus Cristo derramou esses dons sobre seus servos, nestes dias, para que edifiquem Sua igreja e aperfeiçoem seus santos e amados servos, conforme está escrito em Ef 4. 8-11
A RECONCILIAÇÃO VICÁRIA
“Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos.” I Tm. 2.5,6.
Na morte vicária, nossa condenação foi removida pelo perdão, nossa culpa pela justiça e a separação pelo amor. O perdão é um ato de misericórdia divina, e a justificação é muito mais do que o perdão. Ela é completa, abrange o passado, o presente e o futuro de nossas vidas.
“justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que creem; porque não há distinção, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei” Rm 3. 22,25,28
“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” II Co 5.21
“e, por meio dele, todo o que crê é justificado de todas as coisas das quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés” At 13.39
O MINISTÉRIO DE TRÊS DIAS ENTRE MORTE E RESSURREIÇÃO
O credo apostólico declara: "Ele desceu ao inferno, ressuscitou ao terceiro dia, subiu para o céu, sentou-se a mão direita do Pai, de onde vive para julgar os vivos e os mortos."
Em anos recentes muitos tem achado difícil repetir com honestidade o credo tradicional. Principalmente depois do livro de Rudolf Bultmann sobre "Novo Testamento e Mitologia".
Jesus foi quase que completamente despido da sua historicidade. Por isso, cada declaração do credo precisa ser examinada. A lógica na crença histórica dos eventos tem sido a seguinte:
ELE DESCEU AO INFERNO
Há vários textos bíblicos com referência a este credo expresso em 359 e 360 d.C. e de origem ariana. O evangelho de Mateus fala da vitória de Cristo sobre os poderes da morte, as portas do Hades ( 12:29,40; 16:18.) e com alguns santos que dormiam e foram ressuscitados quando Jesus morreu.
A promessa do evangelho de Lucas de que Jesus estaria com o ladrão arrependido, no paraíso, mostra que ele esteve no Hades entre a sua morte e ressurreição(At.2:27-31). Isto talvez reflita a crença de que o paraíso estava no Hades até a ressurreição de Jesus. O evangelho de João diz que Jesus foi preparar lugar para os oseus discípulos, depois da morte ( Jo.14:2 ), mas Ap.1:18, também fala da sua vitória sobre o Hades pela sua ressurreição de entre os mortos.
Quando Paulo fala em Rm.10:7 do assunto, esta implicando que de fato Jesus desceu ao abismo na hora da morte. Fl.2:10, fala dos que estão embaixo na terra, confessando Jesus como Senhor. Isto quer dizer que sua descida lhes trouxe a notícia de libertação e exultação. Em Ef.4:8-10, fala de Cristo subindo as partes mais baixas da terra e trazendo consigo o cativeiro ( os que estavam mortos e esperavam o Messias). Se o texto de 1 Tm.3:16 é interpretado como seis eventos em seqüência histórica, isto requer então a crença na descida de Jesus ao estado dos anjos caídos e dos mortos. Devemos comparar o texto de Timóteo com 1 Pe.3:18,19,22; 4:6.
A RESSURREIÇÃO CORPORAL DE JESUS
A crença no túmulo vazio e na sua ressurreição ao terceiro dia, estão baseadas nas várias aparições de Jesus aos seus discípulos.
Quando Ele não mais apareceu aos discípulos, a crença na sua ascensão permanente para o céu e sua posição à mão direita de Deus se estabeleceu.
A RESSURREIÇÃO AO TERCEIRO DIA
Se Jesus ressuscitou dos mortos no terceiro dia, como a Igreja Cristã sempre confessou, então a pergunta sobre a descida ao reino dos mortos é muito lógica. A não ser que se aplique a Jesus a doutrina do sono da alma para Ele. A ressurreição de Jesus dos mortos é doutrina fundamental do N.T. As duas evidências que afirmam a crença é :
1)O túmulo vazio
2)A aparição de Jesus a seus discípulos.
Com os quatro evangelhos relatando sobre a sua ressurreição ficaria muito difícil dizer que o acontecido foi uma invenção posterior que brotou da fé dos apóstolos. Pelo menos três testemunhas diferentes dão evidências bastante seguras (Mc.16:1-8; Mt.28:1-8;Lc.24:1-12; Jo.20:1-10). E ainda há referência do sepultamento de Jesus com Paulo (1 Co.15:4). Há uma clara distinção nos relatos de Paulo entre um corpo físico que não é ressuscitado e um corpo espiritual que é ressuscitado (1 Co.15:35-58).
Os maiores detalhes da ressurreição, em Paulo, são encontrados em 1 co.15;1-11. Aí podemos ver: 1) a morte (15:3), 2) o sepultamento (15:4a), 3) a ressurreição (15:4b) e 4) as aparições (15:5-7).
A ASCENÇÃO
Muitos que afirmam a historicidade de Jesus na sua ressurreição e das aparições passam de largo sobre a ascensão ou ascensões. A ascensão é importante no Evangelho de João (3:13; 6:62; 14:2; 16:7,16; 20:17). A última referência mostra que houve uma ascensão no 1º dia da ressurreição. O Espírito também foi dado na primeira noite pascal (20:22). Há também uma ascensão em Lucas no 1º dia da ressurreição (24:50ss) e At.1:2 indica que Jesus ensinou os discípulos pelo "Espírito Santo" por um período de 40 dias até que ele foi elevado aos céus. Esta ascensão depois dos 40 dias certamente não prejudicou o aparecimento a Paulo, sete anos após (At. 9:1-19; 22:6-21;26:12-23).
1) Ele sentou-se à mão direita do Pai
A exaltação de Jesus é o último passo antes do seu retorno em glória. Ela é clara e central na cristologia e escatologia da igreja primitiva (At.3:19-21; 2:29-36; 5:31; 7:55ss; 13:33-37).
2) Jesus como cabeça, em Paulo
A exaltação de Jesus é o clímax depois da descida ao inferno, ressurreição e ascensão (Rm.1:3; 8:17,34; 14:19). Porém o quadro central é de Jesus exaltado como cabeça da Igreja seu corpo, acima de todo principado e potestade (Fl.2:9; Cl.1:17; 2:9; 3:1; Ef.1:22ss; 4:15).
3) Jesus como Sumo-Sacerdote em Hebreus
Nada é dito em Hebreus sobre a descida de Jesus ao inferno, ou ascensão, mas a sua ressurreição aparece na Bendição (13:20). Porém, o conceito de sua exaltação inclui todos os eventos entre a morte de Jesus e sua exaltação como sumo-sacerdote (1:3; 2:9; 10:12; 12:2).
4) Jesus como rei em João
A descida, ressurreição, ascensão são ensinadas no Evangelho de João e suas cartas (Ap.1:18; Jo.20). A exaltação de Jesus em João inclui tudo entre o evento da cruz e a consumação, no tato singular de Jesus ser levantado da terra (3:14; 8:28; 12:32,34). A figura central de Jesus exaltado no apocalipse é "dominar sobre os reis da terra", (1:3-7; 3:21; 5:6; 19:11-16).
A EXISTÊNCIA POSTERIOR DE JESUS
A esperança da sua volta completará a salvação iniciada na sua primeira vinda. A ressurreição de Jesus Cristo, em seu corpo físico, depois da crucificação foi literal. Assim será a ressurreição do justo quando Ele voltar e do injusto no Dia do Julgamento (Ap.20.13; Dn. 12.2).